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Outras manifestações na Cavidade Oral

   Outras manifestações orais associadas à infeção pelo VHC têm sido estudadas. No entanto, os trabalhos publicados sobre este tema são escassos.
Até 74% dos indivíduos infetados por este vírus pode desenvolver pelo menos um tipo de manifestação extra hepática. Consequentemente, o aparecimento destas manifestações podem conduzir ao diagnóstico da hepatite C uma vez que esta doença apresenta escassos sinais e sintomas específicos.
   Há evidências que sugerem altos índices de gengivites (cerca de 69%) e de cáries dentárias nos pacientes com hepatite C crónica. Em contraste, não se sabe se este elevado número está relacionado com a negligência destes mesmos pacientes quanto aos cuidados de higiene oral ou à própria influência viral ligada a um quadro de saúde oral menos favorável. (4)
   A doença de Behçet e o eritema multiforme podem estar associados à infecção pelo VHC mas, mais uma vez, este estudo também carece de comprovação por novos estudos.

   Além disso, observam-se outras manifestações orais nos pacientes com a hepatite crônica pelo vírus C.(4) A sialoadenite é definida como uma inflamação da glândula salivar, geralmente causada em decorrência da obliteração do ducto salivar. É possível, nas sialoadenites associadas ao VHC, que as células epiteliais das glândulas salivares, em contacto contínuo com a saliva contaminada com o VHC, sejam alvos indiretos de mecanismos imunológicos que seriam suscitados pela presença do vírus. Têm sido elaborados estudos que utilizam métodos mais sensíveis e específicos para deteção do RNA viral nas glândulas salivares que são necessários e que identificam quais são as células infetadas especificamente. Não há evidências conclusivas de que um quadro grave de sialoadenite se relacionaria com um quadro avançado de hepatite C crónica. Por um lado, alguns estudos mostram uma consistente associação do VHC com a sialoadenite. Por outro lado, os estudos não evidenciam a relação de causalidade entre o VHC e a inflamação glandular. Na verdade, se esta associação realmente existe, ainda não foi bem estabelecida. Estudos transversais, como alguns já foram realizados, não foram conclusivos quanto a essa relação. Deste modo, estudos epidemiológicos de coorte seriam os mais indicados para uma melhor determinação de relação temporal e elucidar a real associação entre a infeção das glândulas salivares pelo VHC e o aparecimento das sialoadenites. (4,10,18)

   A associação entre a Síndrome de Sjögren e a infeção pelo vírus C mostra prevalências que vão de 0 a 40% em diferentes regiões do mundo. Esses índices variam, nos diversos estudos, de acordo com os critérios para o diagnóstico do Síndrome de Sjögren e com a distribuição regional dos pacientes VHC positivos. Assim, perfis imunogenéticos diferentes poderiam, também, influenciar as taxas de prevalências encontradas na associação de ambas as patologias. (4)
   As crioglubinas são proteínas anormais que são detetáveis até 60% dos infectados de VHC e que está fortemente relacionada com o Síndrome de Sjögren. Este síndrome pode mostrar um mau prognóstico, quando se observam lesões malignas coexistentes, e a sua associação com a infeção pelo VHC ainda não foi bem estabelecida. (17)
   Experiências de hibridização in situ e reação em cadeia da polimerase (PCR) demonstram que o VHC infecta e replica-se em células epiteliais de glândulas salivares e lacrimais de pacientes com Síndrome de Sjögren ou sialoadenite crônica. No entanto, a evidência clínica de boca seca e, principalmente, de olhos secos é muitas vezes ausente. Após a realização de vários estudos, é de notar que os dados são escassos e controversos sobre o efeito eventual de hipossalivação na saúde oral de pacientes infetados com VHC. Tome-se a título de exemplo um estudo elaborado no Reino Unido que sugere que os pacientes com hepatite C crónica podem ter necessidades de saúde oral acrescidas e de um estudo realizado recentemente na Itália que indica não haver diferenças significativas na saúde oral entre os pacientes com VHC crónica e os pacientes de VHB. (10)
   Apesar de toda a controvérsia existente, é crucial a realização de avaliações orais frequentemente por um cirurgião-dentista preparado a fim de detetar estas patologias.

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